tem dias que eu sinto que nasci só pra observar a história dos outros acontecer.
tem dias que eu só fico olhando.
olhando pra vida acontecer nas pessoas ao meu redor. meus amigos, meus colegas — gente da minha idade — com tanta coisa acontecendo, com tanta pressa bonita de viver, com os dias cheios de novidades, de planos, de talento. e eu, parada. como se tivesse esquecida no tempo, enquanto todo mundo vai seguindo.
não é bem inveja, sabe.
é só… uma sensação constante de silêncio.
aquele tipo de silêncio que aperta, que pesa. que aparece toda vez que alguém conquista algo novo, fala de algum curso, mostra um projeto, uma pintura, uma viagem, um artigo publicado… e eu fico só escutando. tentando sorrir, mas por dentro me perguntando quando é que vai ser minha vez.
eu olho pra essas pessoas e penso:
como é que elas brilham tanto assim?
como é que conseguem ser tão interessantes, tão cheias de vida?
e por que parece que eu nasci sem nenhum pedaço disso?
é estranho, porque eu realmente fico tentando encontrar alguma coisa em mim que me faça sentir especial.
mas é como se tivesse faltado isso na hora que fui feita.
como se todo mundo tivesse vindo com alguma chama acesa — menos eu.
e aí, até conversar com essas pessoas que eu gosto tanto começa a doer um pouco. porque tudo nelas parece se mover, enquanto em mim tudo continua igual. elas contam o que andam fazendo e eu não tenho nada pra contar. nada meu. nada que pareça um passo à frente. e aí bate aquela sensação de ser só uma figurante, uma pausa entre as cenas dos outros.
às vezes eu me sinto como um livro que foi começado com tanta empolgação… mas que depois o autor cansou de escrever. deixou de lado, abandonado na estante. como se minha história tivesse parado ali, e o resto do mundo continuasse criando enredos novos todos os dias.
mas talvez…
mesmo parada, mesmo meio esquecida, ainda exista alguma coisa esperando pra ser escrita em mim.
mesmo que demore. mesmo que doa. mesmo que seja só uma frase pequena.
Oilá 👋🏻
Às vezes eu escrevo pra tentar me entender. às vezes só pra não guardar tudo. esse texto nasceu num daqueles dias em que a gente olha demais pros outros e sente de menos em si.
É sobre me sentir comum demais num mundo que parece esperar sempre algo brilhante da gente. Se tu já te sentiu assim, espero que essas palavras tenham te abraçado, mesmo que de longe.
com carinho,
yasmin 🪷